Primeiramente, lembramos que “O Homem do Terno Marrom” foi escrito em 1924, um ano após o lançamento de “O Misterioso Caso de Styles” que marcou a estreia literária de Agatha Christie e apresentou ao mundo o genial detetive Hercule Poirot. Mas, diferentemente da maioria dos seus trabalhos futuros, “O Homem do Terno Marrom” desviou-se do mistério de assassinato em estruturas fechadas e trilhou caminhos desconhecidos para a autora até então, mergulhando em estratégias de espionagem e aventuras internacionais.
O Homem do Terno Marrom
A primeira chave para entender o impacto desse livro é a mudança de foco na caracterização dos personagens. Enquanto a maioria dos títulos de Christie é famosa por seu detetive excepcional (Poirot ou Miss Marple), no “O Homem do Terno Marrom” vemos Anne Beddingfeld, a jovem e carismática heroína, conduzindo a narrativa. Ela é a primeira entre as várias heroínas jovens e aventureiras que viriam em muitos dos futuros romances independentes de Christie.
Em segundo lugar, o uso de uma trama de espionagem internacional foi uma manobra audaciosa para Christie. A relevância desse elemento chave desafia as convenções dos romances de mistério da época, ao trazer claramente o território de exploração colonial ao enredo. É importante mencionar o papel instrumental da experiência pessoal de Christie no Oriente Médio na concepção de tais enredos.
Por último, podemos refletir sobre o retrato único que “O Homem do Terno Marrom” fez da sociedade britânica pós Primeira Guerra Mundial. Através da lente de seu espírito ousado e aventureiro, Christie retrata o turbilhão social, político e econômico da época. A imagem do “homem do terno marrom”, um construtor civil espião, é um espelho fascinante desta fase interina.
Para marcar o centenário de sua publicação, a Harper Collins Brasil apresenta o emocionante mistério da Rainha do Crime em uma nova edição.
Detalhes
Editora : HarperCollins; 1ª edição (15 julho 2024) – Idioma : Português – Capa dura : 288 páginas
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